Como parte da programação da AgroBrasília 2025, o Governo do Distrito Federal (GDF) promoveu, nesta sexta-feira (23), uma visita guiada com produtores de leite e queijo que integram a Rota do Queijo Artesanal do DF. Focada em práticas sustentáveis e eficientes na pecuária leiteira, a ação foi conduzida pela Emater-DF com o objetivo de apresentar as principais características de uma propriedade leiteira ambientalmente responsável.
Segundo o governador Ibaneis Rocha, a AgroBrasília tem se consolidado como vitrine para a produção agrícola do DF. “Diversas cadeias produtivas vêm se destacando ao longo dos anos”, apontou. “Temos a cadeia do vinho, que já alcança reconhecimento internacional, e agora estamos incentivando com força a cadeia do queijo, além de várias frutas que estão sendo introduzidas com sucesso na região”.
O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, ressaltou que a produção de queijos no Distrito Federal está em plena expansão e disse que a empresa garante assistência técnica completa aos produtores rurais, acompanhando todas as etapas do processo produtivo. “No espaço da bovinocultura, mostramos a alimentação adequada que os animais devem receber, com as melhores variedades de capim e as práticas corretas de manejo alimentar — para búfalas, cabras ou vacas. Acompanhamos a produção do leite desde o início, inclusive, do melhoramento genético das raças, até o incentivo à fabricação de queijos”.
Na avaliação de Duval, o investimento nesse setor representa turismo, geração de renda e emprego para o DF: “Estamos trabalhando com a missão de transformar o Distrito Federal em um grande polo da agroindústria e da agropecuária do país. É uma atividade produtiva ambientalmente sustentável, correta e dentro da legislação”. Ele lembrou que a Emater-DF atua em três frentes: econômica, social e ambiental. Participaram da visita técnica oito produtores de laticínios e criadores de cabras e ovelhas, representando Queijaria Rancharia, Sítio Vale das Cabras, Cabríssima, Queijaria Walkyria, Ateliê do Queijo, Malunga, Kero Mais e Ercoara.
Assistência para os queijeiros
Incentivo e apoio são as principais características que a produtora de queijo artesanal Giovana Navarro, 69 anos, observa em relação à parceria com a Emater. “Contamos com técnicos em diversas áreas — todos muito competentes e solícitos”, relata. “Sempre que precisamos, eles estão presentes. Essa parceria tem sido fundamental para o nosso sucesso”.
A produtora também integra o grupo de trabalho criado em janeiro deste ano por diferentes órgãos e secretarias do GDF para fomentar o setor queijeiro na região. Defensora da criação do circuito do queijo, ela vê potencial da capital federal para se destacar nacional e internacionalmente: “Acredito que esse setor ainda vai florescer mais. Brasília pode entrar no mapa dos roteiros gastronômicos, e muita gente vai se surpreender com a qualidade dos queijos produzidos aqui”.
Vindo de uma família tradicional na produção de leite, com raízes no estado do Rio de Janeiro e descendência suíça, o produtor de queijo artesanal Mauricio Bittencourt, 66, hoje comanda, com a esposa Rosylana, uma pequena propriedade de dois hectares em Luziânia, com o apoio da Emater-DF. “É um verdadeiro vestibular da produção, e a Emater tem sido fundamental nesse processo”, pontuou. “Eles nos ajudaram desde o financiamento até a otimização da produção. São parceiros essenciais para quem, como nós, busca inovar sem perder as raízes”.
De acordo com Bittencourt, a especialização foi essencial para alavancar a produção: “Começamos a buscar formas de agregar valor ao nosso produto. Em 2016, fizemos diversos cursos, inclusive no Rio de Janeiro, e iniciamos a produção de queijos finos — parmesão, camembert, brie… queijos diferenciados, que hoje são o nosso carro-chefe”. Um outro diferencial surgiu ainda em 2003, contou: “Nosso filho mais novo desenvolveu uma intolerância severa à proteína do leite, e, a partir daí, passamos a selecionar todo o rebanho para produzir exclusivamente leite A2A2, que é mais digestível. Hoje, somos um dos poucos produtores no Brasil a fabricar queijos com esse tipo de leite”.
Por Thaís Umbelino e Victor Fuzeira da Agência Brasília
Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília / Reprodução Agência Brasília