Perfil: ex-moradora de rua deixa para trás violências e cria ONG na Ceilândia

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Por Maria Beatriz Giusti

No início de uma rua esburacada, em Ceilândia (DF), uma faixa avisa: “Feira beneficente: aberto todos os dias”.

A casa, comprada pelo casal Nica e Daniel Sena, mostra as marcas do tempo. O lugar, que já foi lar de mais de 500 pessoas, hoje abriga apenas um ex-morador de rua.  O homem é soropositivo para HIV e tem câncer de próstata. Nica relembra com compaixão todas as pessoas que já passaram por lá. “Hoje, a gente está com dificuldades para voltar a funcionar como antes. A casa está muito velha e com mofo. Como não temos dinheiro, vamos lidando como dá”, explica.

A luta de Nica do presente é apenas um dos capítulos de sua história, em que é marcada como vítima de violência e abandono. Ao invés de se revoltar, resolveu transformar a dor em solidariedade.

O medo, o frio, a solidão e a fome eram rotina na vida de Nica desde os 9 anos de idade. Quando dizia para conhecidos que sairia das ruas e ajudaria pessoas na mesma situação que ela, todos riam. Não acreditavam que aquela vida tinha uma saída e, muitas vezes, nem ela própria acreditava. Hoje, 33 anos depois, Francisca Tenório de Sousa Sena, de 56, conseguiu o que queria: transformou a casa em Ceilândia (DF) em um lugar de acolhimento para todos os tipos de pessoas em vulnerabilidade.

Segundo o que ouviu, Nica foi deixada em um orfanato na cidade de Itumbiara (GO), aos seis meses de idade. O homem que a deixou prom

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