A vida no espaço sempre despertou curiosidade, especialmente quando o assunto envolve aspectos do cotidiano pouco discutidos, como a sexualidade dos astronautas. Apesar das especulações e rumores, a Nasa (agência espacial dos EUA) garante que nunca houve atividade sexual em missões espaciais. No entanto, especialistas alertam que esse é um tema que precisa ser tratado com seriedade, especialmente diante dos planos de colonização de outros planetas.
A recente estadia prolongada dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams na Estação Espacial Internacional (ISS) reacendeu o debate. Ambos ficaram nove meses no espaço devido a problemas na nave Starliner, da Boeing. Quando retornaram à Terra, na última terça-feira (18/3), surgiram comentários na internet sugerindo um possível envolvimento entre os dois. “Será que os astronautas que ficaram presos no espaço fizeram sexo?”, questionaram internautas nas redes sociais.



Internauta questiona se astronautas fazem sexo no espaço
Reprodução
Sunita Williams e Barry Butch Wilmore
Divulgação/NASA
Os astronautas da Nasa passaram nove meses presos no espaço
Nasa
Embora o assunto muitas vezes seja tratado com humor ou sensacionalismo, ele levanta questões importantes para o futuro das missões espaciais de longa duração. Como a sexualidade e as relações humanas podem influenciar o bem-estar e o desempenho dos astronautas? Afinal, é possível fazer sexo no espaço?
Barreiras físicas e fisiológicas do sexo no espaço
Seja por falta de registros ou por questões de privacidade, o fato é que manter relações sexuais no espaço não seria uma missão fácil. A microgravidade dificulta a movimentação dos corpos, exigindo formas alternativas de contato físico. Além disso, não há uma base fixa para apoio, o que pode tornar qualquer interação muito mais complicada.
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Se tratando do ponto de vista biológico, a exposição prolongada à microgravidade e à radiação cósmica pode afetar a circulação sanguínea e interferir na função sexual. Estudos sugerem que isso pode levar à disfunção erétil e a alterações hormonais.
Outro fator crítico é a privacidade. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, tem espaços reduzidos e compartilhados, tornando difícil encontrar um momento de intimidade.
Sexo no espaço: um tabu que precisa ser superado?
A falta de informações sobre o tema levou um grupo de pesquisadores a publicar um artigo na revista The Journal of Sex Research, em 2021, defendendo a criação da “sexologia espacial”.
O estudo, liderado pelo cientista Simon Dubé, da Universidade de Concórdia, no Canadá, sugere que a sexualidade no espaço seja estudada sob três perspectivas. São elas: biológica, psicológica e social.
Para os pesquisadores, ignorar esse aspecto pode prejudicar a saúde mental dos astronautas e até comprometer o sucesso de futuras colônias espaciais.
“A ciência de foguetes pode nos levar ao espaço sideral, mas serão as relações humanas que determinarão se sobreviveremos e prosperaremos como uma civilização espacial”, escreveram os autores em um artigo para o portal The Conversation.
Até hoje, os únicos experimentos sobre reprodução no espaço foram feitos com animais, como, por exemplo, roedores e insetos. Não há registros de estudos científicos sobre o impacto da microgravidade na reprodução humana.
Posição da Nasa
A Agência Espacial Americana (NASA) sempre evitou o tema “sexo espacial”, alegando que relacionamentos amorosos poderiam causar conflitos na equipe e influenciar a hierarquia das missões. Mas, segundo o estudo de Simon Dubé, à medida que as viagens espaciais se tornarem mais longas e complexas, será inevitável discutir a sexualidade dos astronautas.
Especialistas apontam que o estudo da sexualidade no espaço também poderia ajudar a enfrentar desafios como sexismo e assédio. Os pesquisadores sugerem que a Agência Espacial Canadense (CSA) lidere os esforços para promover pesquisas na área.
Por enquanto, o sexo no espaço segue sendo um tabu. No entanto, com a possibilidade de colônias humanas em Marte e missões cada vez mais longas, entender o impacto da intimidade na vida fora da Terra pode ser essencial para o futuro da exploração espacial.